Laboratório Digital de Educação Alimentar e Humanidades da UFRJ

Marília Duque é pesquisadora CNPq no Ladige, Laboratório Digital de Educação Alimentar e Humanidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A interface com a Alimentação e Nutrição é consequência de sua tese de doutoramento sobre impactos de smartphones para saúde e envelhecimento, defendida no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM São Paulo.

Interface entre Comunicação, Envelhecimento, Alimentação e Nutrição

Durante a etnografia de 16 meses conduzida com pessoas idosas de classe média de São Paulo que embasou a tese, Marília observou como a consciência sobre a adoção de hábitos alimentares saudáveis, um dos pilares para o envelhecimento saudável, estava presente nos discursos dos participantes e materializada nos conteúdos compartilhados por eles em suas redes sociais e em grupos de WhatsApp. Essa consciência não se manifestava necessariamente na prática, uma vez que esses hábitos saudáveis estavam em negociação com os prazeres e liberdades característicos da terceira idade.

Maria Cláudia da Veiga Soares de Carvalho, coordenadora do Ladige, propõe que haja uma “décalagem no discurso”, como estratégia adotada por indivíduos para responder à pressão midiática e de políticas públicas para que sejam adotados hábitos alimentares saudáveis. Nessa estratégia, há o descolamento entre discursos e práticas.

No âmbito da velhice, esses discursos são tratados pelo sociólogo Paul Higgs como uma vontade de envelhecer com saúde (“will-to-health”) que opera na filiação identitária das pessoas idosas ao paradigma do envelhecimento saudável, comunicando uma conscientização sobre a importância do cuidado de si e da manutenção da autonomia.

Uma das conclusões da tese de Marília Duque foi que os smartphones colaboram para essa “décalagem no discurso”, dando visibilidade para essa “vontade”, enquanto consumos desviantes ou não-saudáveis podem se manter nos bastidores da performance, sem comprometer a identidade da pessoa idosa implicada no envelhecer com saúde e autonomia.

Duque identificou esse jogo entre zona de performance e bastidores como uma oportunidade para o desenvolvimento de uma entrega aplicada na área de saúde. E desenhou o protocolo de “WhatsApp Aplicado à Nutrição” que transforma o aplicativo de mensagens em um Diário Alimentar Visual que auxilia nutricionistas a acessarem os âmbitos privados onde se dão os consumos alimentares ao mesmo tempo em que dá suporte a pessoas idosas na conscientização sobre suas escolhas e hábitos alimentares. O protocolo foi publicado pela ESPM São Paulo.

Palestras realizadas a convite do Ladige:

  • “Compartilhamentos: o que se consome? O que se comunica?”. Palestra na live de lançamento do Observatório de Memes do Ladige com participação de François Jost (Universidade Sorbonne Nouvelle) e de Juliana Grazini (Verakis Food Academy) e mediação de Maria Cláudia da Veiga Soares Carvalho (Ladige/UFRJ).
  • “Da Feijoada À Gelatina: Regimes de Visibilidade Do Saudável, Lastros para o Consumo Alimentar e as Oportunidades de se Manter um Diário Alimentar Visual na Velhice”. Palestra no Ciência, Café e Prosa, canal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro no Youtube;
  • “Estratégias de Comunicação aplicadas à Nutrição”. Aula ministrada para os pesquisadores e estudantes do próprio Ladige;
  • “Novas metodologias de promoção da saúde em momento de distanciamento social”. Roda de conversa no Festival do Conhecimento UFRJ – Futuros Possíveis.

Orientação

Ao ingressar no Ladige como pesquisadora CNPq, Marília Duque colaborou para o desenvolvimento do Observatório de Memes e co-orienta Lorena Silva Ribeiro na pesquisa de mestrado intitulada “Percepções Corporais e Comensalidade nos memes da Pandemia”.

Linhas de Pesquisa

Atualmente, Marília Duque colabora para as seguintes linhas de pesquisa do Ladige:

• Midiatização e obesidade: estudo em aplicativos de celular.
• Cultura contemporânea como espaço social interativo de práxis para Educação Alimentar.